Hermética: uma palavra, um livro, um coração

Algum tempo atrás, aprendi uma palavra nova: hermética.
Descobri-a assistindo a uma entrevista antiga de Clarice Lispector, em que o entrevistador pergunta se ela se considera uma escritora popular, e ao que responde:

“Não. Me chamam até de hermética. Como posso ser popular sendo hermética?”

Na sequência, o entrevistador questiona:

“E como você vê essa observação que nós colocamos entre aspas ‘hermética’?”

E Clarice responde:

“Eu me compreendo. Não sou hermética para mim. Bom, tem um conto que não compreendo muito bem. O Ovo e a Galinha.”

Foi a partir desse trecho que a palavra entrou no meu vocabulário e, curiosamente, me levou a refletir sobre meu primeiro livro: Coração de Escritora.

O que significa "hermética"?

O termo vem do sentido de algo fechado, selado, que não deixa passar nada — nem ar, nem líquido. Mas ele também pode ser usado de forma figurada, para descrever aquilo que é difícil de compreender, misterioso, fechado em si mesmo.

  • “Essa caixa está hermeticamente fechada — nada entra, nada sai.”
  • “O livro era tão hermético que poucas pessoas conseguiam entendê-lo.”

Quando percebi o hermetismo no meu livro

Em vários momentos, percebi que muitas pessoas encontraram profundidade em Coração de Escritora. Justamente por ser minha estreia, talvez ninguém esperasse que a obra tivesse uma estrutura tão fechada, tão densa, mesmo sendo um livro super curto. Ao conhecer a palavra “hermética”, enxerguei que, de fato, há aspectos da narrativa que só eu consigo compreender totalmente — assim como há fatos e coisas que escrevi que ainda são um mistério para mim, mas gosto da ideia de deixar espaço para que o leitor conclua por si, de oferecer um convite à interpretação.

A bagunça poética

Como já comentei em outro artigo, “Minha bagunça poética”, Coração de Escritora é propositalmente confuso. Sua densidade reflete a própria bagunça mental da protagonista, Emily. A narrativa espelha suas dúvidas, seus sentimentos intensos, seus processos internos, sem dizer de fato, de forma profunda, o que estava acontecendo com ela. É uma escrita que exige do leitor um olhar atento e sensível para captar nuances.

Entre o hermético e o libertador

Ao mesmo tempo, o livro é profundamente poético, um caminho de superação e libertação, onde o meu coração pulsa junto com o da personagem, e talvez seja isso que o torne hermético: uma intimidade tão grande que só eu posso entender por completo.

E, curiosamente, gosto disso. Não foi algo planejado, mas acabou sendo um convite para que os leitores aprimorem sua percepção, mergulhem nas entrelinhas e sintam as emoções de forma mais profunda — mesmo que isso envolva certa complexidade.

O futuro de Coração de Escritora

Coração de Escritora sempre será uma marca do meu início como autora, e é justamente por gostar tanto dele que não consigo deixá-lo para trás. Aos poucos, venho escrevendo um prequel, que mergulha nas histórias de cada personagem e amplia o universo que começou ali. Também vislumbro, quem sabe, uma nova edição da obra no futuro. É um caminho que sigo sem pressa, mas com a mesma paixão que me fez escrever aquelas primeiras páginas. Talvez, no fundo, essa seja a beleza do hermetismo: sempre haverá algo novo a ser descoberto.

✨ Obrigada por ter lido até o final!

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